sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

INFORMAÇÕES SOBRE VIAGEM AO EXTERIOR

Quando decidi ir a Londres, comecei uma busca desenfreada por informações sobre viagem ao exterior. Embora fosse com alguém que já tinha feito esse tipo de viagem, queria ter alguma noção própria, até porque o João não poderia estar a meu lado em todos os momentos.

Encontrei muita coisa interessante na internet, mas nada do que eu precisava. Queria me informar sobre detalhes acerca de passaporte, visto, bagagem, procedimentos no aeroporto, coisas que um marinheiro de primeira viagem como eu transformava em paranoia só por falta de informação.

Assim, jurei para mim mesmo que, na volta, faria o relato das coisas mais bobas. Bobas agora, que já passei por elas. Antes da viagem, elas eram um branco que tirou horas do meu sono devido à ansiedade e o medo.

Se você já fez uma viagem ao exterior, não se dê ao trabalho de ler este post. Se tem muito dinheiro, também poupe as pupilas. Se ainda não passou por essa experiência, tem pouca grana e muita vontade, talvez meu relato “matuto” lhe ajude e muito.

Não é porque tudo deu certo na minha viagem que vou me sentir o guru das rotas internacionais. Só posso falar do que vivi, ou seja, da Alemanha e da Inglaterra e mesmo assim sem a pretensão de estar ensinando algo. Isso é um relato e nada mais do que isso.

CONDIÇÕES DE VIAGEM

Tive quatro meses para levantar grana suficiente para viajar. Minha sorte foi que eu já possuía no banco uma quantia suficiente para pagar as passagens. Mas não ter essa grana não teria me impedido de viajar, pois eu estava disposto a fazer o que todo mundo faz – parcelar a passagem.

A passagem de Fortaleza a Londres (com escala em Portugal) sairia um pouco salgada. Pegar um avião para Frankfurt e de lá ir de trem a Londres me fez economizar bastante. Tinha a questão do desconforto. A maioria das estações não tinha escada rolante e os horários eram apertados. Mal chegávamos numa estação e já precisávamos correr escada acima ou abaixo em busca do próximo trem. Mesmo assim valeu o sacrifício. Com a grana poupada deu, por exemplo, para fazer uma viagem ao interior da Inglaterra, sobrando ainda uma boa grana. É importante comprar passagens e bilhetes com antecedência, pela internet, pois saem mais baratos.

Uma amiga que foi uns dez dias antes para a Alemanha pela Condor, a mesma companhia pela qual eu iria, ficou decepcionada ao fazer a compra online e descobrir que tinha sido à vista. Ela achava que o site daria uma opção de parcelamento logo após a confirmação da compra. É preciso prestar atenção a isso, pois se se compra a passagem de uma companhia estrangeira, sem escritório no Brasil, é preciso entrar em contato com o cartão antes, a fim de acertar o parcelamento com a empresa do crédito, não com a aérea.

Tive a sorte de ter hospedagem de graça tanto em Frankfurt quanto em Londres. Caso você não tenha amigos lá, faça-os. Seja lá para onde você pretenda ir, há muita gente lá e a internet não está aí à toa. Um site que vários alunos no curso onde ensino já utilizaram para hospedagem gratuita é o Couch Friend. Vá lá e leia as regras. Não há mistério. Só precisa ter boa vontade. Caso você não queira ter esse trabalho, há os albergues. Com a carteirinha de alberguista a hospedagem sai baratinho. Já me hospedei em albergue e a vantagem vai além do preço. Nele estão hospedadas pessoas do mundo inteiro. Dá para fazer amizade aos montes e, quem sabe, arrumar companhia.

O resto do dinheiro necessário para as demais despesas, levantei-o com trabalho extra. Aceitei tudo que aparecia pela frente. No trabalho, fui convidado para ser orientador pedagógico, o que me rendeu uma grana extra providencial. Quase não respirava mais. Também comecei a poupar em tudo. Não deixei de me divertir, mas fiz escolhas. Os amigos chamavam para isso e aquilo e eu pedia a compreensão de todos. Era uma quarentena do bem.

O total de dinheiro necessário depende muito das intenções que se tem. Então comecei a fazer uma lista do que eu queria fazer e, em seguida, pesquisei o valor de tudo. O objetivo não era fechar um orçamento definitivo, mas me dar o mínimo de segurança que eu teria dinheiro para fazer o mínimo que eu queria fazer. De posse do valor total estimado, certifiquei-me de que tinha à minha disposição essa quantia e um pouco a mais, só por garantia.

Uma colega do trabalho tinha levado um grupo de adolescentes a Londres não havia muito e me deu várias dicas. Foi uma mãezona. Uma delas era a de dividir o dinheiro que eu tinha pelo total de dias que eu passaria lá. Seriam quatro dias em Frankfurt (de 24 a 27 de dezembro, mais a volta, de 22 a 23 de janeiro) e vinte e seis em Londres (de 28 a 22 de janeiro). Além de representar um planejamento financeiro, também significava um incentivo à economia.

CÂMBIO

Decidi levar parte do dinheiro em espécie e um outro tanto na forma de cartão, não de crédito, pois o IOF é uma facada, mas de viagem, o Visa Travel Money. É uma espécie de pré-pago. Alguns bancos tem os seus. No meu caso, tirei-o numa empresa chamada Confidence. Foi super simples. Paga-se uma taxa de emissão do cartão e deposita-se um valor mínimo. Ele pode ser usado em compras, como se fosse um cartão de crédito, ou em saques em caixas eletrônicos. Há um desconto, pouco, mas há, a cada vez que se faz um saque no caixa eletrônico. Assim, se houver necessidade de saque, o ideal é que se faça de uma só vez, pois a taxa é por saque, não por quantia sacada. Fiz um depósito de quatrocentos euros nesse Visa e levei mais cinquenta em dinheiro, só por precaução. Todas as lojas o aceitaram. Em Londres, precisei de dinheiro extra na rua e apelei para o cartão com euro. Para minha grata surpresa o dinheiro veio em libra, o que é outra vantagem desse cartão, ao menos para quem vai viajar para países de moedas diversas. Diante de uma emergência (falta de dinheiro), eu poderia pedir a alguém no Brasil que fosse à loja da Confidence e fizesse um depósito. O crédito seria automático. Mas não faltou. Pelo contrário. Na volta, fui à agência onde eu havia comprado o cartão e saquei a sobra em real. O cartão permanece válido, mas inativo, por um ano, caso eu queira usa-lo numa outra viagem internacional ou aqui mesmo, no Brasil, como “cartão de crédito pré-pago”. Depois desse prazo, ele é cancelado.

Já as libras, poderia ter comprado um outro cartão, mas, conversando com um professor inglês lá do trabalho, descobri que a mãe dele vinha passar o Natal no Brasil e perguntei se ela poderia trocar as libras dela com meus reais. Ela concordou. Ganhamos ambos, pois nos livramos da taxa de câmbio. Vantagem por um lado, paranoia de outro. É que não foi fácil andar para cima e para baixo com seissentas libras em dinheiro vivo. Bem, fácil foi. Difícil foi relaxar e lembrar que, embora houvesse, sim, assaltos na Europa, não era nada comparado à frequência no meu querido país. Por segurança, distribuí as notas em diferentes lugares.

Então, a maneira mais segura e prática de se levar dinheiro para o exterior é em cartão de viagem pré-pago. Tudo menos trocar o dinheiro quando chegar lá. Caso seja extremamente necessário, aconselho a não trocar em agências de aeroporto ou terminais. Elas se aproveitam da urgência e cobram taxas altas. Em Londres, há várias casas de câmbio na Oxford Street com taxas justas. Caso precise de dinheiro urgente para condução ou algo do tipo, troque só o que precisar e deixe para trocar o resto numa das lojas no centro.

DOCUMENTAÇÃO

A primeira coisa a se fazer num viagem ao exterior é agendar de imediato um atendimento na Polícia Federal, a fim de se tirar o passaporte. Isso pode ser feito pelo site. Digo, o agendamento. Devido ao grande número de brasileiros indo ao exterior, só se encontra atendimento no prazo de um mês ou mais a partir da data de agendamento, dependendo da época do ano. Com essa parte das providências não se pode brincar, ou seja, deixar para a última hora. Imprevistos acontecem e a entrega do passaporte pode não ser feita até o dia da viagem. É preciso prestar atenção para os documentos exigidos no site da Polícia Federal. Uma amiga minha, que foi tirar o passaporte dela no mesmo dia que eu, levou a carteira de motorista com identidade e teve que voltar em casa. Quanto ao comprovante de quitação eleitoral, eu os tinha todos. Várias pessoas por lá se apresentavam sem. Não houve muito problema. Foram orientadas a ir a uma lan house próxima e tirar um comprovante de quitação eleitoral online. Antes, era preciso levar a foto. Agora, eles mesmos o fazem. São muito atenciosos e até perguntam se você gostou da que foi tirada ou deseja tirar uma outra. O prazo de entrega do documento foi de dez dias e, no meu caso, não houve atraso. E olha que eu iria viajar em dezembro e recebi o passaporte em novembro. Tirar o passaporte em cima da hora me causou um certo contratempo em Bruxelas. O oficial da Inglaterra demorou um tempão na análise do documento só porque era recente. A lógica deles é que tirar o documento em cima da hora é coisa de quem está fugindo do seu país por alguma razão. Ou é um fugitivo ou, como eu, é um louco desleixado que deixa tudo para a última hora. Não mais. Aprendi minha lição.

O passaporte é sua identidade internacional. Assim, não há necessidade de levar seus documentos. Mas aconselho a levar pelo menos os números do CPF e da identidade memorizados ou anotados. Na volta ao Brasil é preciso preencher um formulário da Receita Federal antes do pouso e o número desses documentos são exigidos. Só portei o passaporte em Frankfurt. Em Londres, só saí com ele um dia. Os próprios londrinos não andam com identidade e a polícia não os pede em abordagens. Caso o façam, é só dar informações sobre endereço e telefone de onde está hospedado. Eu tinha uma agenda com todos os dados importantes anotados – número do passaporte, endereço e telefones do Dewi (além da Embaixada Brasileira em Londres), número de contas e senhas (codificadas), dentre outros. Andar com o passaporte não apenas é desnecessário mas também perigoso. Há pessoas que os roubam para falsificação, principalmente os estrangeiros ilegais em Londres. Um homem na feira de Portobello Road pediu para ver o passaporte do João. Era uma pessoas comum. Começou perguntando se o João era indiano ou sei lá o que e terminou pedindo para ver o passaporte dele. Ele, claro, não mostrou. Disse que não o portava. Todo cuidado é pouco. Só tive um único problema por não andar com o passaporte, num clube que pediu identidade. Não era regra, mas pura implicância, pois já tínhamos entrado lá sem ter que mostrar nada.

BAGAGEM

A Condor, empresa aérea alemã pela qual viajei, só permitia vinte quilos de bagagem de porão e cinco de mão. Isso foi um motivo de intranquilidade para mim na ida e na volta. Morri de medo de ter que pagar excesso.

Queria comprar roupa lá, então levei o essencial – duas calças jeans, um short, cinco camisetas, meias, chinelos e cuecas. Minha mala emprestada foi praticamente vazia. Acho que não deu nem sete quilos. Fui com uma mochila como bagagem de mão, uma das pequenas. Nela, uma camisa, um sweater, os fios para recarga de celular e máquina fotográfica, além dos documentos. No corpo, jeans, camiseta, camisa de brim, sapatos tipo bota, e um casaco de frio. O único erro foi ter comprado o casaco de frio no Brasil. Bem, na chegada a Frankfurt, cedo da manhã, o frio estava mesmo de matar e não sei se eu teria sobrevivido sem ele. O João foi sem e precisou pedir à Jouse, nossa anfitriã, para levar um ao aeroporto. Definitivamente, não dá para ficar sem, nem sequer por alguns segundos. Mas teria dado para vestir várias camisas pesadas até comprar um. É que lá é bem, bem mais barato, além de ser de um tipo realmente feito para o frio europeu. O meu, logo no primeiro dia, quebrou o zíper da frente e tive que usa-lo fechado apenas pelos botões. Foi apenas um desconforto estético, pois ele me protegeu bem do frio tanto em Frankfurt quanto em Londres. Não comprei um novo porque não teria a menor utilidade para mim quando voltasse ao Brasil.

Na volta, comprei uma mala pequena. Como as empresas não costumam pesar a bagagem de mão, abusei no peso dessa. Ela não coube no maleiro do avião e levei-a aos meus pês, sob a poltrona, o que foi um senhor desconforto. Imagine, nove horas sentado sem poder mover os pés. O ideal teria sido comprar uma mala pequena, mas de um material mais ou menos flexível, a fim de forçar o encaixe no maleiro.

Caso a mala de porão seja comum, é interessante marca-la de alguma forma. Uma ideia é colocar uma fita adesiva na alça ou em qualquer lugar visível. Facilita a identificação da mesma na hora de recolhê-la na esteira, após o desembarque. Também é importante colocar suas informações essenciais nele, para que seja recuperada mais rápido em caso de extravio. Anotei meu nome e alguns telefones, além do endereço onde eu ficaria em Frankfurt, tanto na etiqueta que já vem com a mala, quanto num papel que deixei lá dentro.

Existem balanças portáteis de bagagem e são baratas. Ter uma evita dúvida quanto ao peso. Na volta, usei uma balança dessas de banheiro mesmo. Olha só a paranoia - me pesei, depois me pesei com as malas e, então, subtrai meu peso.

AEROPORTO

Os passos no aeroporto são os seguintes: fazer o check-in no balcão de atendimento da compania aérea, esperar a hora da inspeção da Polícia Federal, passar por ela e esperar em frente ao portão indicado no bilhete para o embarque.

No check-in, a funcionária da companhia aérea checa o bilhete impresso pela internet, emite o bilhete de embarque, pesa e etiqueta a bagagem de porão e a envia esteira abaixo para que seja embarcada. No caso de voo internacional, o check-in precisa ser feito com pelo menos uma hora de antecedência, o que algumas pessoas não fazem e acabam atrasando o voo. Algumas companhias aéreas tem um limite de tempo para embarque e o seguem à risca.

A parte cansativa e de tirar a paciência é a da inspeção da Polícia Federal. Colocam-se todos os objetos portados dentro de bacias sobre uma esteira para que passem pelo raio-x. Então passa-se pelo detector de metais e às vezes pede-se para que se tirem os sapatos. Em Recife, sem sapato e sem cinto, sou avisado de que tenho que retirar dois frasquinhos que levava com xampu e perfume e coloca-los num plástico transparente. Isso é válido para acima de cem mililitros. O problema é que eles não tem esse plástico na alfândega. Precisei me vestir às pressas e correr para compra-lo numa loja do aeroporto. Para quem já estava ansioso e nervoso para embarcar, isso foi um soco no estômago. O João levava o líquido para asseio das lentes de contato e teve que deixar lá. Eu poderia simplesmente ter deixado esses produtos para trás, mas é que o xampu anticaspa me pareceu tão importante!

É preciso prestar atenção aos avisos no alto-falante quanto se está esperando na sala de embarque, principalmente se for em horário de pico no aeroporto. Os voos podem ser transferidos para um outro portão. Aconteceu conosco em Salvador, à espera do avião para Fortaleza. Não apareceu nenhum funcionário no portão de embarque para encaminhar quem estava lá. Eles contavam que ouviríamos o anúncio, só que era bem confuso, pois avisava apenas que um voo para Fortaleza aguardava os passageiros para o embarque, mas não dizia qual a companhia e, pior, não dizia que era uma mudança "súbita" de portão.

AVIÃO

Acho que a primeira coisa que se deve fazer na hora do embarque é tentar pegar a fila logo. É um saco chegar na poltrona e não encontrar espaço no bagageiro para suas coisas, daí ter que sair procurando um com outros passageiros passando. Falo do voo internacional, pois o nacional até que não apresenta problemas quanto a isso.

Os anúncios no avião da Condor consistiriam num caso engraçado se não fosse triste. São dados em quatro línguas – alemão, inglês, francês e português. Nas três primeiras línguas a gravação é nítida. Já quando chega no português, o volume é tão baixo que quase não se escuta nada. Muita humilhação.

Legal foi que o voo para a Alemanha já foi um treinamento de como se comportar no país. O João, que já havia morado um tempo lá, me deu todas as dicas, mas eu, brasileiro nato, estava condicionado ao comportamento aberto e sem delicadezas do meu querido país. O João tinha chamado a minha atenção para o fato das aeromoças servirem de um lado e só desse lado do avião. Tanto que, ao passar, não olhavam para o lado que não estavam servindo sequer por um segundo. Não tive culpa se meu café não tinha ficado doce o suficiente com o saquinho de açúcar que a aeromoça do meu lado me deu. Ela já tinha sumido e tinha uma do outro lado, bem perto. O que eu fiz? Dei um toque de leve no braço dela. O João ainda suspirou um “não” e virou a cara, esperando o pior. De fato, pedi mais dois saquinhos de açúcar, em inglês, e ela, depois de me olhar seriamente por alguns segundos (uma eternidade para mim), pegou os dois sacos e “atirou-os” na minha bandeja. Vaca! “Eu não disse”, disse o João.

Viagens internacionais são longas e é impossível não dar uma esticada nas pernas, levantando de vez em quando. No voo em que estávamos, no entanto, parecia feira. Não consegui dormir de jeito nenhum. Na poltrona da frente, dois alemães conversaram as nove horas de viagem sem calar a boca um único segundo. Era assunto para a vida toda ali. Mas não foi tanto a conversa que me incomodou, pois como não entendia nada, era a mesma coisa que silêncio. O problema foi que não apagavam a droga da luz, que dava bem na minha cara. Também não dormi porque a Condor servia comida com uma frequência a meu ver exagerada. De madrugada, as luzes apagadas, de repente eram ligadas e lá vinha o carrinho.

No desembarque, também é preferível se apressar para pegar logo a bagagem de mão e tomar a frente no corredor. É que tem a fila da alfândega que, depois de nove horas de voo, torna-se uma tortura. Felizmente não havia muitos voos chegando no aeroporto de Frankfurt no horário que cheguei e a entrevista com os oficiais alemães foi bem rápida. Na verdade, não passou de três perguntas. Daí foi só torcer para a mala não ter sido extraviada, pega-la na esteira e começar a turistagem de fato.

MEIOS DE TRANSPORTE

Em Frankfurt, só utilizei o metrô. Muito eficiente e limpo. O bilhete é comprado em máquinas automáticas e não são apresentados a ninguém. No entanto, deve-se tê-los sempre à mão, pois a multa para quem for pego sem é de vinte euros. Para quem na fala e nem lê alemão, há muita dificuldade em se utilizar esse meio de transporte sem uma orientação de alguém. O mapa está lá, mas se não se conhece a cidade, é difícil saber para que lado ir. Tomamos a direção errada umas duas vezes e, numa dela, voltamos sem comprar outro bilhete. Brasileiros...

Frankfurt é tão pequena que de bicicleta já se chega em todo lugar. Mesmo a pé. Ficamos a uns quatro quarteirões do centro da cidade e íamos e voltávamos a pé na maioria das vezes, mesmo tarde da noite.

Já em Londres, não vale a pena ficar pegando transporte público e pagando com dinheiro vivo. A não ser que se passe pouco tempo. Para uma estadia superior a quinze dias, vale a pena comprar o cartão Oyster e ficar recarregando (“top-up”, como eles falam). Além do desconto na passagem, ainda há a praticidade de só ter que passar o cartão em vez de ficar contando moeda ou atrapalhando a passagem das pessoas, esperando troco. Aliás, os motoristas são práticos e não gostam nem um pouco de passar troco. A recarga é feita nas máquina na entrada das estações de metrô ou nos guichês. Se for pagar passagem com dinheiro, compre seu bilhete nas máquinas perto das paradas, se tiver uma, ou, caso não tenha, troque seu dinheiro e dê o valor exato. Londres tem um site de informações completas sobre o transporte público, com mapas, horários, preços e trechos em manutenção (para você não ser pego de surpresa com o cancelamento de alguma linha). O Oyster pode ser comprado nas estações de metrô ou em bancas de revista e lojas autorizadas.

O ônibus é bem conservado, limpo e confortável. Um sonho para alguém como eu, que mora em Fortaleza e tem que conviver com uma frota de parafusos frouxos. Para complementar o conforto, as ruas são um tapete persa. Claro, tem seu solavanco aqui e ali, mas nada comparado à total instabilidade das ruas esburacadas de Fortaleza. Quando peguei o primeiro ônibus depois que voltei, estava com uma amiga que quase morreu de rir ao me ver cair. Sim, cai. Sei que parece mentira ou frescura, mas, mesmo tendo passado pouco menos de um mês em Londres, me acostumei rápido com muita coisa, dentre elas a calma ao entrar no ônibus. Aqui, mal se entra e o motorista já arranca. Não importa se sou eu, um idoso ou uma grávida. Os motoristas estão se lixando para o bem-estar dos passageiros.

Demora-se mais para se chegar em algum lugar indo de ônibus, em comparação com o metrô. No entanto, é bem mais barato e dá para sentir a cidade de maneira mais próxima. Para alguém como eu, que não tinha pressa e queria poupar grana, o ônibus ajudou e muito. Só não gostava quando entrava alguém com cachorro. Achava um desaforo, embora todos ficassem enternecidos com a presença do bicho. Eu gostava de subir para o segundo andar. Sempre tinha onde sentar e a vista era sempre agradável. A viagem mais legal que fiz nesse estilo foi de Holloway a London Bridge, que cheguei a gravar. Ficava de orelha bem aberta para ouvir tudo o que os outros conversavam. Eu sei, é feio. Mas para mim era uma experiência cultural. Nesse trajeto de Holloway a London Bridge, fui escutando um pai explicando o cenário urbano para a filha, que não devia ter mais do que três anos. Parecia que era a primeira vez que ela ia à região da ponte e estava muito excitada com tudo, fazendo perguntas e ficando pasma com alguns detalhes da história de Londres que o pai contava.

Não é necessário sinalizar com a mão para que o ônibus pare, a não ser que você esteja sozinho na parada. Eles param de qualquer jeito. Para descer, aperta-se um botão que dispara um som sutil de sineta. E uma gravação avisa a linha em que se está e a referência da próxima parada.

Em todas as paradas há um mapa com as rotas dos ônibus que passam por ali, marcando seu local de partida e chegada. Cada linha tem uma cor e um número diferente. Pode ser que o ônibus que você está procurando esteja no mapa, mas não passe pela parada onde você está. Isso porque o mapa mostra os ônibus que passam pelas ruas próximas também. É preciso olhar numa placa se há o número da linha que você quer pegar. Se não tiver, olhe no mapa a rua pela qual o ônibus passa, vá até lá e procure uma parada. Certifique-se na placa se o número do seu ônibus está lá. Há muita informação para os usuários de transporte público. Para ajudar, é sempre bom andar com um mapa completo da cidade até você se familiarizar com as ruas, o que ocorre rápido. No terceiro dia eu já estava me sentindo. Um guia legal é o London A-Z.

Quanto ao metrô, esse é facílimo de ser usado. Após passar o Oyster card para liberar a catraca na entrada da estação, é só entrar e descer as escadas em direção às plataformas. Quando você avistar as placas informativas com as linhas traçadas, pare e veja em qual delas consta a estação para a qual você quer ir. Claro que, antes, você tem que checar no seu mapa o local da cidade que você quer visitar e qual a estação mais próxima. Costumam ter duas placas indicando uma linha para a direita e outra para a esquerda. Uma vez identificada linha que passe pela estação para onde se vai, é só tomar o rumo da plataforma indicada e esperar o trem. Caso não haja uma linha direto para a estação pretendida, estude no mapa geral das linhas (na entrada do metrô) qual o melhor percurso a fazer, ou seja, em qual estação descer para pegar uma linha apropriada. Certa vez, estava em Westminster e precisei ir a Shoreditch, encontrar o pessoal num pub, e tive que mudar de linha por três vezes. Na última, zonzo e me sentindo perdido (apesar de saber que não estava), descobri que precisaria pegar um “overground”. Foi meio assustador, ainda mais porque era tarde da noite. Só para dar uma respirada, perguntei a um funcionário se eu estava no caminho certo, o que ele confirmou.

O metrô é pontualíssimo. Não à toa. Durante o percurso, a composição ora acelera, ora segue lento. Dentro do vagão, há um gráfico com uma linha e pontos marcando todas as estações a serem percorridos. Também há um display eletrônico que exibe o nome da próxima estação. Assim, dá para se certificar facilmente se você está indo na direção certa. Caso não esteja, sem pânico, desça na próxima estação e observe de novo as placas em busca de uma cuja linha conste a estação para onde você deseja ir. Se estiver realmente amedrontado (acontece), dirija-se à entrada do metrô e peça ajuda a um funcionário. Eles são bem prestativos.

Em Frankfurt, para destravar as portas é preciso manter a palma do(s) dedo(s) encostada(s) num dispositivo semelhante a um disco. Em Londres, as portas abrem automaticamente.

Quando estiver descendo ou subindo escadas rolante nas estações de metrô, permaneça sempre no lado da direita para dar passagem a quem esteja mais apressado.

Nas plataformas, ao esperar a chegada de uma composição, fique atento para o que é dito nos alto-falantes. De repente pode acontecer um problema qualquer com uma linha e você ficar lá, esperando para sempre. Quando saí bem cedo para ir à estação Waterloo para pegar o trem para Stonehenge (na verdade, Salisbury), ao chegar na estação onde eu faria a troca de linha, estava na plataforma quando ouvi que a linha que eu tomaria estava paralisada porque tinham roubado alguns fios e a manutenção demoraria a repô-los (não é só no Brasil, não!). Imediatamente busquei a alternativa que eles propuseram.

Há, ainda, os trens. Andei muito neles, pois fui de Frankfurt a Londres de trem, uma experiência maravilhosa. Os bilhetes podem ser comprados via internet. Aliás, é o ideal, pois sai mais barato do que comprar na hora. O Brasil teria tudo para usufruir desse meio de transporte. Pelo que sei, na época da ditadura, o Brasil fechou um "acordo" com empresas estrangeiras de carro para não investir na malha férrea, a fim de criar cada vez mais a necessidade de automóveis. Eles conseguiram. A necessidade (exagerada) do automóvel ficou tão encrava na nossa cultura que até hoje, anos depois do acordo "sob os panos", não se decide investir na área. Em Londres, diferente do ônibus e do metrô, a passagem é enfiada numa fenda pela frente da catraca e pega por cima. Só então a catraca abre. É preciso prestar atenção no painel grande sob as catracas com o horário de chegada das composições. Os trens são pontuais e tem-se no máximo quinze minutos desde a chegada deles na plataforma até a partida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário